Colossal cortejo
pelas ruas da cidade. Uma explosão gregária de alegria indutiva a desfilar
diante das forças de repressão remetidas aos quartéis.
– Mais bonito
do que a Rainha Santa… – dizia uma popular.
Segui o caudal
humano, calado, a ouvir vivas e morras, travado por não sei que incerteza, sem
poder vibrar com o entusiasmo que me rodeava, na recôndita e vã esperança de
ser contagiado. Há horas que são de todos. Porque não havia aquela de ser
também minha? Mas não. Dentro de mim ressoava apenas uma pergunta: em que
oceano de bom senso iria desaguar aquele delírio? Que oculta e avisada
abnegação estaria pronta para guiar no caminho da história a cegueira daquela
confiança?
A velhice é
isto: ou se chora sem motivo, ou os olhos ficam secos de lucidez.
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