terça-feira, 28 de maio de 2013

Sá da Bandeira, 28 de Maio de 1973

Monumentos. O orgulho branco não pode deixar de os erguer por toda a parte, os poetas de coroa de louros e lira na mão, os guerreiros de espada à cinta ou em riste, os governantes petrificados num gesto. E ei-los soberbos nos pedestais, épicos, heroicos ou solenes, relanceados de soslaio por olhos mornos, analfabetos e humilhados, que neles fixam apenas as pregas da gargantilha, a catana agressiva ou a mão imperiosa. Cantores, conquistadores, administradores. Bronzes de eternidade vã, destinados mais cedo ou mais tarde a uma nova encarnação. Paro a contemplá-los, e não consigo evitar que a imaginação os não derreta e os molde num futuro próximo por conta doutras glórias. Por conta dos muitos Gungunhanas que esperam também a sua consagração.

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