O «Mar» representado por marítimos autênticos. Pescadores de verdade na pele
de pescadores de ficção. Mas a verosimilhança das personagens ficou na mesma à
mercê do talento. Os bons actores convenciam, e os maus, não. É que as leis da
arte são inexoráveis. Um destemido arrais de carne e osso, a empolgar quem o vê
comandar o barco na crista das ondas, pode decepcionar uma plateia, se sobe à
ribalta no desempenho de idêntico papel. Só quem é mesmo artista tem a
capacidade de se representar a si próprio sem se desfigurar. Só ele é capaz de
encarnar o mito da sua condição sem fazer dessa réplica um fingimento.
Miguel Torga
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