quarta-feira, 8 de maio de 2013

Sítio da Nazaré, 8 de Maio de 1976


O «Mar» representado por marítimos autênticos. Pescadores de verdade na pele de pescadores de ficção. Mas a verosimilhança das personagens ficou na mesma à mercê do talento. Os bons actores convenciam, e os maus, não. É que as leis da arte são inexoráveis. Um destemido arrais de carne e osso, a empolgar quem o vê comandar o barco na crista das ondas, pode decepcionar uma plateia, se sobe à ribalta no desempenho de idêntico papel. Só quem é mesmo artista tem a capacidade de se representar a si próprio sem se desfigurar. Só ele é capaz de encarnar o mito da sua condição sem fazer dessa réplica um fingimento.
Miguel Torga

Sem comentários:

Enviar um comentário