A fé cega de Vítor Gaspar em que a
receita neoliberal que aprendeu nos livros (mais empobrecimento dos pobres e
mais enriquecimento dos ricos) resolverá, se o Deus Mercado quiser, todos os
problemas do país é de tipo mágico e não de tipo racional, a versão em
economista do mito infantil segundo o qual, se acreditarmos muito numa coisa,
ela acabará por realizar-se.
Da História,
tal tipo de fé aproveita apenas aquilo que a reforça, ignorando tudo o que a
contraria: se funcionou no Chile de Pinochet, porque não
há-de funcionar em Portugal?; ou: "Portugal não é a Grécia". E o
mesmo da realidade: ainda há dias, uma descida episódica dos juros da dívida
pública era um "sinal" de que vamos no bom caminho, agora que os
juros voltaram a subir, isso já não é sinal de coisa nenhuma.
O método até
pode, sabe-se lá, vir a dar certo. Pelo menos deu certo com aquele personagem
de Carl Sandburg que
comprou o 42 na Lotaria, anunciando que era nesse número que iria sair a
"taluda" e que, quando o 42 de facto saiu, perguntado se acertara por
palpite ou se usara um método, respondeu algo do género: "Usei um método
científico: atirei ao ar o álbum de família e ele caiu aberto na página 7, onde
estavam as fotos do meu avô e da minha avó. O meu avô e a minha avó ambos na
página 7, estão a ver? Ora 7 vezes 7 são 42..."
JN, 09/05/2012
– M. A. Pina
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