Mais tarde ou mais cedo tinha que
acontecer algo assim. Conta o "Público" que uma escola do 1.º Ciclo
pôs alunos (crianças entre os 6 e os 10 anos) a fazer patrulhas durante as
horas de recreio, com instruções, acusam os pais dos alunos de uma turma do
4.º ano, como "tomar nota do nome dos colegas que apresentam comportamentos
inadequados", nomes depois "colocados em local público para que toda
a comunidade escolar tenha conhecimento dos mesmos". E, pelo andar que as
coisas levam em Portugal, ainda vamos no princípio...
Fardadas com uma "t-shirt" com a
inscrição "PSP", significando "Patrulha de Segurança do
Pontal", as crianças da escola do Pontal (Portimão), duas por turma, são
enquadradas por graduados, digo, professores, devendo efectuar "rondas no
recinto escolar nos horários críticos da escola, valorizando sempre o
diálogo".
Os pais contestatários pensam
antiquadamente que "as crianças têm como principal função aprender, tendo
direito a um intervalo para brincar; não têm de 'espiar' os colegas".
Presume-se que a maioria, ciente da sociedade de novo tipo hoje em construção,
veja na educação para a delação dos seus rebentos apenas a preparação destes
para um paisano futuro profissional brilhante a denunciar colegas de trabalho
ou, se fardado, a espancar manifestantes e jornalistas "valorizando sempre
o diálogo".
JN, 07/05/2012 – M. A. Pina
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