Acabou ontem ou anteontem mais um congresso do PCP.
Aliás este é o tempo dos congressos como das cerejas. Mas o PCP é o que mais
espevita a curiosidade para sabermos como é que ele se desenrascou do codilho
de Leste. Ora. Desenrascou-se muito bem. Cunhal garantiu que o material teórico
e prático era bom e estava para durar. E os desvarios dos do sol da Terra, que
vem do Oriente como está programado, os tresvariados que os digerissem. Por cá,
tudo bem e é o que importa. As pessoas de alma cândida imaginavam que os fiéis
da religião comuna iriam querer pedir contas, esclarecimentos, discussão. Mas
as poucas que ousaram discutir foram vaiadas e cuspidas. Agora, o que se
estranha é que isto se estranhe. Mas jamais os fiéis de uma crença desejaram
que ela se discutisse. O que se exige é que ela se cumpra e que alguém tome
sobre si a responsabilidade de o garantir. E para isso lá estava o Cunhal. A
discussão «colectiva» é coisa que ninguém
quer e é assim estúpido e ofensivo acusar-se Cunhal de a impedir. A
discussão não se quer para a religião continuar. Uma crença não se elucida, uma
crença afirma-se. Cunhal sabe-o muito
bem e por isso chamou a si os temores dos fiéis. Quem vai à bruxa não é para
discutir com ela, mas para se investir da paz que virá dela e para isso é que
lhe paga. Cunhal era a bruxa. E quem pôs em dúvida o seu poder e saber só não
foi queimado porque há agora uma vigilância muito apertada contra os pirómanos.
V. Ferreira
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