Medina
Carreira, como Marinho Pinto
(este por ter sido jornalista, aquele pelo método das tentativas), descobriram
que o truque para estar permanentemente em palco no circo dos media não é
realizar algo de mérito mas o "sound bite". Melhor, o bitaite: a
palavra portuguesa tem a vantagem de sublinhar que, para o efeito pretendido,
não importa a pertinência ou fundamento do que se diz mas o desconchavo, a
rudeza ou o insólito do que é dito, investindo-se na velha máxima jornalística
segundo a qual notícia é o homem que morde no cão.
Dentro do vasto domínio do bitaite, Medina
Carreira especializou-se no nicho dos anúncios de terramotos (subsecção
terramotos económicos e financeiros). Dos seus inúmeros assentos mediáticos,
atira regularmente ao povo ignaro a notícia de que o fim do Mundo está próximo
instigando-o a penitenciar-se por ter vivido acima das suas (dele, povo, não
das de Medina Carreira) possibilidades.
Agora criticou os que "mostram a
austeridade como um papão", esclarecendo que (parem, rotativas, suspendam
a respiração, redacções: aí vem bitaite!) a ideia de "excesso de
austeridade é uma tontice à portuguesa". Porque, como se sabe – e, em
Portugal, sabem-no bem trabalhadores, desempregados, pensionistas – a austeridade
é como bater com a mão no peito pelos pecados alheios: para os que não pecaram,
nunca é de mais.
JN, 04/05/2012 – M. A. Pina
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