As chocantes declarações da directora-geral do FMI ao
"Guardian" revelam bem que género de gente preside hoje aos nossos
destinos e a quem governos como o português ou o grego subservientemente se
vergam. Por momentos, Lagarde deixou cair o idioleto técnico com que ela, Durão
Barroso e a "fürehrin" Merkel, mais os seus feitores locais,
justificam o empobrecimento forçado dos povos e mostrou o rosto selvagem do
neoliberalismo dominante, assente no direito do mais forte à liberdade.
Perguntada se não lhe custava impor ao povo grego,
sobretudo aos mais pobres, medidas de austeridade que cortam em serviços
fundamentais como a saúde, a assistência social ou o apoio a idosos, a
directora-geral não podia ser mais clara (nem mais cínica): "Penso mais
nas crianças que andam na escola, numa pequena aldeia do Níger, que apenas têm
duas horas de aulas por dia e partilham uma cadeira por três...".
E que tem Lagarde a dizer àqueles que, na Grécia, todos
os dias lutam hoje pela sobrevivência, sem emprego e sem serviços públicos? Que
se ajudem a si próprios "pagando os seus impostos". Mas as crianças,
senhora? "Bem, os pais são responsáveis, não? Por isso os pais que paguem
os seus impostos".
Maria Antonieta não o teria dito melhor. Só que os
"sans cullotes" de hoje persistem em crer que ainda vivem em
democracia (se calhar até em democracia económica).
JN, 28/05/2012 – M. A. Pina
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