quarta-feira, 8 de maio de 2013

Coimbra, 8 de Maio de 1974


Sim. Apesar da sedução que no meu espírito exercem outros credos, se tivesse de me converter, seria ao catolicismo. É, afinal, a única religião compatível com a minha natureza torrencial, terrosa, pecadora. Uma religião que sagra de tal modo o profano que nele se fazem agentes demiúrgicos a água, o sal, o azeite, o pão e o vinho. A água e o sal do baptismo, o azeite da unção, e o pão e o vinho da eucaristia. A imanência e a transcendência tão medularmente conjugadas, que a realidade tangível se paradigmatiza no prodigioso mistério da encarnação e no escândalo bárbaro e sublime de um Deus consubstanciado a quem antropofagicamente o devoto devora a carne e bebe o sangue.

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