Sim. Apesar da sedução que no meu espírito exercem outros credos, se tivesse
de me converter, seria ao catolicismo. É, afinal, a única religião compatível
com a minha natureza torrencial, terrosa, pecadora. Uma religião que sagra de
tal modo o profano que nele se fazem agentes demiúrgicos a água, o sal, o
azeite, o pão e o vinho. A água e o sal do baptismo, o azeite da unção, e o pão
e o vinho da eucaristia. A imanência e a transcendência tão medularmente
conjugadas, que a realidade tangível se paradigmatiza no prodigioso mistério da
encarnação e no escândalo bárbaro e sublime de um Deus consubstanciado a quem
antropofagicamente o devoto devora a carne e bebe o sangue.
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