quarta-feira, 1 de maio de 2013

Bragança, 1 de Maio de 1976


Pareço um fiscal a percorrer a pátria. Passo por Foz Côa, e apresso-me a ir ver se a igreja manuelina ainda se aguenta nos alicerces; chego aqui, e subo ao castelo, entro na Domus Municipalis, visito o museu, de coração apertado, não as tenha o diabo tecido; amanhã, em Miranda, Deus sabe as desilusões que me esperam na rua da Costanilha. É que o Portugal que valia a pena, o Portugal original, o Portugal de rosto singular, está por um fio. Em cada terra resta apenas um vestígio. E são esses fragmentos de uma fisionomia própria que inventario incansavelmente. É com eles que os vindoiros poderão reconstituir a nação que já houve. Lineu partiu também de um simples osso…
Miguel Torga

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