Pareço um fiscal a percorrer a pátria. Passo por Foz Côa, e
apresso-me a ir ver se a igreja manuelina ainda se aguenta nos alicerces; chego
aqui, e subo ao castelo, entro na Domus
Municipalis, visito o museu, de coração apertado, não as tenha o diabo
tecido; amanhã, em Miranda,
Deus sabe as desilusões que me esperam na rua
da Costanilha. É que o Portugal que valia a pena, o Portugal original, o
Portugal de rosto singular, está por um fio. Em cada terra resta apenas um
vestígio. E são esses fragmentos de uma fisionomia própria que inventario
incansavelmente. É com eles que os vindoiros poderão reconstituir a nação que
já houve. Lineu partiu também de um simples osso…
Miguel Torga
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