A Reuters difundiu ontem a alvoroçada notícia de que um vice-presidente do Banco
Central Europeu, Vítor
Constâncio, "não antecipa a saída da Grécia da Zona Euro". Justificadamente, a coisa afigurou-se à Reuters importante:
tratava-se de declarações de um vice-presidente do BCE durante uma conferência
em Hong Kong do Instituto
de Regulação e Risco; e, sendo suposto que o BCE acompanha de perto a situação
grega e dispõe, sobre ela, de informação que escapa à maioria dos analistas, a
declaração de um seu vice-presidente seria certamente relevante e a ter em
conta.
Não terá reparado a Reuters que Vítor Constâncio fez
igualmente a relevante declaração de que a Grécia vai "enfrentar uma
situação difícil" (coisa que ainda ninguém antes antecipara). Se tivesse
reparado, decerto se teria informado melhor sobre o ex-governador do Banco de Portugal e
a sua capacidade para antecipar seja o que for. Descobriria então, talvez com
surpresa, que Vítor Constâncio só antecipa acontecimentos depois de eles terem
acontecido e que, nas suas funções de regulador no Banco de Portugal, conseguiu
a proeza de antecipar o que estava a passar-se no BCP, BPP e BPN apenas quando o escândalo
apareceu escarrapachado nos jornais.
Assim, por vias travessas, a não-notícia da Reuters
acaba sendo notícia. A de que o mais provável é que a Grécia saia mesmo da Zona
Euro.
JN, 23/05/2012 – M. A. Pina
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