segunda-feira, 20 de maio de 2013

Vila Real, 20 de Maio de 1977

A província. O protoplasma da pátria. A substância onde se processa o metabolismo que lhe garante o equilíbrio homeostático. A arca das suas virtudes, a que nenhum mofo consegue esmaecer a pulcritude. A constância dos actos no tempo. Lá longe, na capital, é o efémero, o jogo permanente da novidade, o artifício em constante mutação, o inédito a cada hora, a mistificação diariamente assumida como um valor; nela, o duradoiro, a sinceridade rotineira, a petrificação dos gestos, a continuidade sem sobressaltos. As modas chegam, mas atrasadas, criam raízes, envelhecem sem dar por isso e perpetuam-se. Tornam-se arqueológicas e funcionais como os monumentos. Os hábitos fiéis às necessidades. A alma dos seres aliada à alma das coisas, e ambas na flagrante autenticidade do que não sabe nem pode mentir.

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