Uma grande alhada em que me meti. Um
texto, imagine-se, sobre o Mário Soares para
(co-) introdução a um álbum de retratos dele, caricaturas, não sei. O que há
(tenho) a dizer sobre ele é muito simples, mas o problema é ter de lhe agradar
a ele, que não é fácil, e a mim, que faço por não sê-lo. E o que tenho a dizer
é que ele é um «herói do anti-heroísmo». Simplesmente o sê-lo implica estar
contra a «ideologia» e a sua forma de valores que pretende impor-se aos outros e
não considerar eu, contra ele, que a «democracia» não é uma ideologia mas a possibilidade de elas germinarem. Da sua
defesa da democracia deriva o seu estar no Mundo, mormente agora que é
Presidente, desde as atitudes que vai tomando com aplauso de todos nós, até ao vocabulário
que usa – e recorta sempre o nosso modo de ser e pensar. Mas isto, que é um
haver, pode ser interpretado redutoramente. E agora? Agora é avançar com a prosa, que depois logo se
vê. Precisava era do meu equilíbrio de saúde que não tenho. Hoje pôs-se um dia
de sol forte e eu aproveitei para aligeirar o vestuário e mostrar a esse sol o
físico que me resta – e que ele deve olhar com o seu olho vivo e cheio de
piedade.
O Gilo esteve aí com a Helena,
porque hoje é o «dia da Mãe». Eu não sabia. A mãe também não. Razão dobrada
para a surpresa. E para comemorarmos, fomos almoçar ao «Aquário», que é um
restaurante em Janas e tem um ar alegre nos azulejos das paredes, no niquelado
das cadeiras, nas toalhas resplandecentes de brancura. Comeu-se, evitei o
álcool com uma caneca de cerveja, que é bebida mitigada, e depois é que me
despi, não bem para tomar sol mas para tentar um equilíbrio nervoso que me faz
falta para entender a harmonia da Natureza. O Gilo trouxe uma torradeira à
Regina e uma revista sobre Camus
para minha ilustração. A ver se me ilustro.
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