Hoje prometeram-me
os primeiros exemplares do meu novo romance Em Nome da Terra. E
todo eu estremeço na expectativa. Porquê? Não sei. É talvez a de ter nas mãos a
prova provada de que o romance existe enfim como livro. É o que vem em tudo
isso, desde a beleza do «objecto» a uma certa sacralização que investe uma obra
de arte. É enfim uma coisa curiosa e pequena e que não sei se afecta igualmente
os meus líteras confrades. Digo o que é? Digo. É ler o texto nas páginas pares. No original, no
dactilografado, nas provas tipográficas lê-se sempre apenas a página ímpar, ou
melhor, talvez o verso dessa página, já que o reverso, que será a página par,
fica sempre em branco. E então dá-se o caso curioso de haver uma deslocação de
todo o texto que pertence a essa página e ser outro à vista e à significação que a acompanha. Isto é talvez
especioso mas é verdade. Um texto tem para o nosso hábito uma determinada
situação. E mudá-lo é mudar-lhe insinuadamente o sentido. Bom. Vou ter hoje os
primeiros exemplares do livro. E vou ler o texto que pertence às páginas pares.
E será esse por força um outro texto. E será esse por força o mesmo.
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