Já em tempos aqui aludi às duas faces da Alemanha: a
luminosa e a monstruosa. A luminosa dos filósofos, dos músicos, dos poetas, da
própria língua alemã e das possibilidades que a sua formidável ductilidade oferece
ao pensamento criador; a outra, a monstruosa, que se revela em palavras
repugnantes como "Shoah", "Endlösung",
"Vernichtungslager", Auschwitz, Treblinka, Buchenwald e muitas,
muitas mais, umas grossas e assustadoras, outras eufemismos mais ou menos
sofisticados.
A expressão "Pacto de Redenção", projecto de
financiamento dos países "preguiçosos" do Sul (Portugal, Espanha,
Itália e Grécia) que a Alemanha parece preferir em alternativa às
"eurobonds", pertence àquela última categoria e representa bem a
política de pilhagem financeira da Alemanha de Merkel.
"Redenção" tem conotações teológicas,
significando algo como "pagamento por um pecado" (é neste sentido que
se diz que Cristo ofereceu a sua vida para redimir a humanidade). Segundo o
jornal "i", o pagamento que a Alemanha agora exige para a redenção
dos pecados dos países devedores do Sul é o penhor do seu ouro e dos seus
tesouros nacionais.
Depois das ilhas gregas, os olhos frios e cobiçosos da
Alemanha voltam-se para o Pártenon, a Galleria degli Uffizi, o Prado ou os
Jerónimos e as toneladas do ouro (que já foi nazi) do Banco de Portugal. Desta
vez sem "Panzers", taxas de juro chegam.
JN, 01/06/2012 – M. A. Pina
Sem comentários:
Enviar um comentário