Reunimo-nos todas as tardes na cave do Martinho – por
necessidade de família fora da família.
Núcleo principal: o Abelaira, o Carlos, o Nikias, eu… Muitas
vezes o Manuel de Azevedo – leonino, de barba por rapar, desgravatado… Outros,
o gigantão Baptista-Bastos
cujos «slogans» indiscutivelmente contaminaram o actual jornalismo português de
sabor sensacional.
Volta e meia também vimos descer a escadaria o magramente solene Pinheiro
Torres, de óculos desconfiados e pasta larga debaixo do braço.
O Magalhães
Godinho aparece também com os seus trocadilhos de meia hora de férias
diárias. Mas nenhum de nós quer ouvir trocadilhos! Só nos interessa discutir as
últimas notícias dos jornais, dissecar os boatos políticos, comparar opiniões
sobre o livro recém-saído…
Por fim, o Manuel de Azevedo leva-nos de carro…
Tudo tão espectral, mesmo no momento em que a vida se desenrola –
objectiva e palpável.
J. Gomes Ferreira
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