Angela
Merkel também é das que nunca se enganam e raramente têm dúvidas:
"Enquanto eu for viva", não haverá 'eurobonds', assegurou ela em
vésperas da cimeira de Bruxelas.
A insolente afirmação não surpreende. A UE deixou há muito
de funcionar democraticamente e "construção europeia" tornou-se
sinónimo de alargamento e aprofundamento de uma espécie de "Lebensraum" dos
interesses económicos e financeiros da Alemanha (e, subalternamente, dos da
França) em que os restantes estados membros não contam. O famoso "poder de
iniciativa" da Comissão está reduzido a declarações e tomadas de posição
avulsas e sem consequências, e ao impotente Conselho Europeu não
cabe senão ratificar o que já vem decidido das reuniões bilaterais entre Berlim e Paris que invariavelmente
precedem as reuniões.
Bem podem o escorregadio Barroso, presidente
da Comissão, Mário Draghi
do BCE, Van Rompuy do
Conselho e Juncker
do Eurogrupo, anunciar
planos sobre mutualização das dívidas soberanas ou sobre a integração bancária.
O papel de todos eles no Conselho Europeu de ontem e hoje é o de Durão Barroso
na cimeira dos Açores
que decidiu a invasão do Iraque:
ficar na fotografia. No que toca a decisões, Merkel já decidiu; e mais ou menos
do que ela decidiu só por cima do seu cadáver.
Talvez já seja tempo de concluir que só sem a Alemanha
UE e euro sobreviverão.
JN, 29/06/2012 – M. A. Pina
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