Hoje de tarde, no Tivoli, ouvi o Concerto
para Piano N.º 1 do Fernando
Lopes-Graça. Pianista: o suíço Georges Bernand. Orquestra da Emissora
regida pelo director soviético Ivanov – espesso, cabeça leonina… – que, aliás,
só depois de chegar a Lisboa, logrou ler a partitura à pressa.
Execução dolorosamente solfejada sem um único pormenor de esmero.
O concerto, onde se sente que o Graça acumulou toda a riqueza generosa
da juventude, continua válido e vivo. Apenas o tema popular português do último
andamento se me afigura muito «exterior», em comparação com o material que ele
descobriu posteriormente, de vivacidade mais grave.
– É uma obra da mocidade!… – esclarecia o Graça, no palco.
Era desnecessário dizê-lo. A orquestração mostrava o peso da certidão
de idade…
Oh! Mas que alegria técnica!
No intervalo encontrei o Gastão Cruz e apresentei-lhe o meu filho
Alexandre.
– Tem 13 anos… Prepare-se. Vai dar-lhe cabo do juízo… ele e a geração
dele.
Gastão Cruz riu-se.
E o Alexandre, ingénuo, ignorando que se tratava de arte e de literatura:
– É professor?
J. Gomes Ferreira
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