segunda-feira, 10 de junho de 2013

10 de Junho [1966]

Hoje, dia de Camões, lembrei-me de súbito de que, há mais de meio século (era então um rapazinho de 12 anos recém-feitos), assisti à estreia gorada da 1ª Sinfonia Camoneana de Ruy Coelho, nessa altura um moço compositor esperançoso, protegido por Teófilo Braga.
Os Coros da Sinfonia foram cantados por um Orfeão, fundado pelo Joyce e pelo meu Pai, o Orfeão de Lisboa, em que colaborava toda a família. Minha mãe era 2° soprano e o meu Pai, baixo profundo, de furar poços…
Muito eu e os meus irmãos nos divertíamos durante os ensaios – a vadiar de naipe para naipe. (Sabíamos os cantos e os contracantos de cor: «Esta é a Pátria de Camões!» – etc …)
Mas a noite de estreia resultou um fiasco. A casa não se encheu por pânico na cidade.
De tarde os anarquistas lançaram uma bomba perto de um cortejo de crianças que se dirigiam em cortejo para a Estátua de Camões que, conforme o rito da época, costumava ficar juncada de flores… Tarde de flores pisadas…
J. Gomes Ferreira

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