Maio de 1871 [1]
Leitor de bom senso – que abres
curiosamente a primeira página deste livrinho, sabe, leitor – celibatário ou
casado, proprietário ou produtor, conservador ou revolucionário, velho patuleia [2]
ou legitimista [3]
hostil – que foi para ti que ele foi escrito – se tens bom senso! E a ideia de
te dar assim todos os meses, enquanto quiseres, cem páginas irónicas, alegres,
mordentes, justas, nasceu no dia em que pudemos descobrir através da penumbra
confusa dos factos, alguns contornos do perfil do nosso tempo.
[1]
Ernesto Guerra da
Cal, na sua obra Lengua y Estilo de Eça de Queiroz […], informa-nos de que este primeiro
fascículo, com data de Maio, só foi posto à venda em Junho. Com efeito, no Diário de Notícias de 18 de Junho de
1871, uma local notícia: «Apareceram ontem As
Farpas». A 27 do mesmo mês, somos avisados de que já se tinham esgotado e
logo a 29 que estava «na imprensa o 2.º número das Farpas».
[2]
“Patuleia” foi o termo usado para designar os partidários do setembrismo,
opositores à política de Costa
Cabral e que lutaram, de armas na mão (1846-1847), contra as tropas fiéis a
D. Maria II.
Nem todos estão de acordo quanto à sua origem e ao seu significado, sendo para
alguns uma corruptela da designação pejorativa “patas ao léu», inspirada na
forma va-nus-pieds que, em França, em
1639, fora dada aos revoltosos da Normandia.
Muito interessante!Fico a aguardar o restante,com prazer!
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