quarta-feira, 12 de junho de 2013

A voar para Lisboa, 12 de Junho de 1973.


BREVE ADEUS

É um adeus que te digo num poema,
Continente solar,
Grande e fremente coração de terra!
É um adeus de poeta atribulado,
Que dos longes da História
E na carne dos seus
Veio ver a negrura
De um pesadelo.
É um adeus que, ao dizê-lo,
Se coalha nos olhos marejados,
E dói tanto
Que não pode ter versos demorados,
Que não pode durar além do pranto.

Miguel Torga

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