Seis meses depois de lhe ter dado o seu aval,
aprovando despedimentos fáceis e baratos, menores indemnizações, subsídios de
desemprego mais baixos e durante menos tempo, menor retribuição das horas de
trabalho, menos dias de férias, menos feriados, limitação da acção sindical,
etc., a UGT parece ter descoberto, agora que o Código dos Despedimentos (é um
eufemismo continuar a chamar-lhe Código
do Trabalho) foi promulgado, que tudo isso "é
ma[u], nomeadamente por pôr em causa o valor dos salários e do trabalho
extraordinário".
Entretanto, ficou para as calendas a viril ameaça
feita há três meses pela mesma central de denúncia do Acordo
de Concertação Social se o Governo, em vez de só se preocupar
com "a desregulação laboral e a redução das prestações sociais", não
activasse o previsto "Compromisso
para a Competitividade, Crescimento e Emprego". Na altura, João Proença lamentava já que o
Governo andasse a negociar "medidas no âmbito do memorando da troika que [iam] contra o Acordo".
E, contudo, João Proença não pode queixar-se de ter
sido enganado. Passos
Coelho avisara: "Temos que dar um passo
atrás para dar dois à frente". O passo atrás oferecido a Proença em troca
do seu acordo a 200 passos em frente no sentido da desregulação laboral foi
ceder na meia hora de trabalho diário. O que, decerto por acaso, era uma
exigência do patronato.
JN, 20/06/2012 – M. A. Pina
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