«Mesa quadrada» eventual no Martinho sobre a
crítica literária – tal qual se pratica no actual momento português de labirinto
e confusão.
Discutidores presentes: Augusto
Abelaira, Carlos de
Oliveira, Nikias,
Pinheiro
Torres e eu.
Pretexto: as últimas opiniões de alguns «críticos» jovens das páginas
literárias a respeito da Enseada
Amena do Abelaira. («É um romance
incompreensível!»(?) – afirmam alguns com desplante analfabeto.)
– Bom sinal para o Abelaira! – pensei eu.
Pelo seu lado o Nikias propôs que os críticos só pudessem opinar aos
35 anos, depois de devidamente psicanalisados. O Carlos, esse já se contentava
com a exigência de um exame de 4.ª classe… Da outra 4.ª classe… E o Pinheiro Torres, de braços abertos, regia a
habitual orquestra de fúria generosa…
Assiste-se de facto a uma inverosímil invasão de critiquelhos
(sobretudo nas páginas dos jornais de província), espécie de beatniks cobertos de farrapos de
cultura, adquirida ad hoc em livrecos
mal traduzidos, e inúmeros piolhos que sugam aqui e ali a superfície dos
problemas…
Que pretendem esses «críticos»? Por que combatem? Em nome de que
movimento ou de que concepção de vida literária?
Ninguém sabe, pois não são neo-realistas, nem surrealistas, nem
concretistas, nem experimentalistas, nem coisa nenhuma.
Críticos sem causa… Sem literatura nem causa… Decomposição… Bichos de
queijo…
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