• Não falta entre nós quem
nos fale de «estórias», como se acabassem de descobrir a ideia, que aliás colheram
dos escritores brasileiros. Mas estes herdaram-na da inapagável tradição
lusitana do «Conte-nos urna estória!», pois assim pronunciámos sempre a
palavra. Trata-se portanto de uma mera retribuição que eles nos fizeram.
• A pintura, como aliás as outras
artes, representa tudo como visto da horizontal, segundo a linha de terra, ou
seja, ao nível a que se encontra o artista e o seu objecto, mesmo na pura abstracção.
E nunca de cima, do alto, da vertical, do céu, do tecto ou do telhado, como o Diabo Coxo:
tal como no-lo faz sentir a Vieira da Silva com
as suas maravilhosas paisagens-mapas, aerodinâmicas, de cidades míticas, até
nisso grande inovadora. Como seriam as feiras e quermesses do velho Bruegel, vistas
do balão ou do cimo das árvores? As artes ainda não se acomodaram a um ponto de
vista «lá-de-cima». E, no entanto, a aviação tem-nos dado tantas novidades
visuais como o ultramicroscópio para a realidade íntima das coisas.
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