A ideia já foi lançada, e não por acaso pelo
presidente executivo da AIG, um
dos impérios financeiros que esteve na origem da actual crise: os governos
devem, montando as costas largas da crise financeira, aumentar a idade da
reforma "para os 70, 80 anos". Os cidadãos europeus que se vão, pois,
habituando à estimulante ideia de entregar durante 50 ou 60 anos parte dos seus
salários ao Estado ou a um grupo financeiro – até onde continuar a ser possível
discernir uma coisa da outra – e só começar a receber de volta, em suaves
prestações mensais, o resultado desse investimento mediante apresentação da
certidão de óbito.
Para o CEO da AIG, o céu é o
limite. Tomando como exemplo a Grécia, recomenda uma nova
receita austeritária: pôr "as pessoas a trabalhar mais tempo e [retirar]
essa carga aos jovens" ("carga" há muito retirada pelo programa
da troika: o desemprego jovem na
Grécia já é superior a 50%).
Mas a Grécia é, de facto, um bom exemplo. Os gregos
têm, conforme dados citados pela "Dinheiro vivo", uma esperança média
de vida de 81,3 anos. Reformando-se aos 80, o Estado e as seguradoras a quem
terão confiado, durante décadas de vida e de trabalho, os seus descontos, só
lhes pagariam, em média, um ano e quatro meses de pensões.
Imagine-se quantas pagariam em Portugal, onde a
esperança média de vida é, segundo os últimos números do INE, de 79 anos.
JN, 19/06/2012 – M. A. Pina
Sem comentários:
Enviar um comentário