Um dos momentos mais tocantes da entrevista a Edward Witten (que
formulou a chamada "M-teoria"
das supercordas, até agora a mais perfeita conjectura matemática de uma
"teoria do tudo" e é considerado pela generalidade dos seus pares o
maior físico teórico vivo) na série "Da beleza e consolação" é quando
o entrevistador lhe pergunta o que pensa ele da "Shoah" e dos campos de
extermínio nazis onde perdeu grande parte da sua família.
Witten ficou de olhos baixos e em silêncio durante
intermináveis segundos. No fim, só conseguiu dizer: "Não sou capaz de
compreender".
Ocorreu-me este episódio ao conhecer notícias recentes
sobre a amnésia generalizada em que se gera o regresso da irracionalidade
racista. Na Hungria, ao mesmo tempo que escritores nazis são hoje de leitura
obrigatória nos curricula escolares, erguem-se estátuas ao "herói
nacional" Miklós
Horthy, regente do país entre as duas guerras e autor das primeiras leis
anti-semitas da Europa Ocidental, responsável pelo envio de 450 mil judeus para
campos de extermínio. Mais chocante ainda é o que se passa por estes dias em...
Israel: imigrantes negros vítimas de ataques – casas queimadas, espancamentos e
outras agressões – e classificados pelo próprio primeiro-ministro de
"praga" e de "cancro". O governo de Direita israelita
parece ter esquecido os insultos semelhantes dirigidos aos judeus que
precederam o Holocausto.
JN, 26/06/2012 – M. A. Pina
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