Ilha de Moçambique, 5 de Junho de 1973 – Louvado seja Deus
Nosso Senhor! Até que enfim posso regressar sossegado, com a viagem justificada
em todas as minhas exigências de homem e de português. Aqui, sim. Aqui a pátria
chegou e sobrou. Aqui todos os que vieram se transcenderam, deram o melhor de
si, mereceram a aventura e a glória. Que orgulho legítimo eu sinto a
compartilhar este sincretismo de raças, de culturas, de fé e de sentimentos!
Brancos, pretos, pardos e amarelos num convívio fraterno, os vivos a mourejar
ombro a ombro, os mortos a repousar lado a lado. O docel de um púlpito que
lembra uma sombrinha chinesa, altares cristãos que parecem destinados a Buda, uma capelinha manuelina a
dar guarida ao corpo do primeiro bispo do Japão. Ah, génio lusíada,
quando acertas! Quando te não abastardas! Quando te medes com o impossível!
Fazes de um banco de coral o centro geométrico da concórdia do mundo!
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