Há 25 anos, pouco depois de Portugal ter aderido à
então CEE,
eu teria aplaudido as palavras do ministro alemão das Finanças em entrevista a
"Der Spiegel" no sentido da
necessidade de "mais Europa". Lera alguns dos chamados "pais
fundadores" e acreditava que a já mais ou menos evidente corrupção dos
valores que haviam presidido, em plena Guerra Fria, à utopia dos "Estados Unidos da
Europa" fossem apenas conjunturais.
Já então os membros da Comissão raramente honravam as
funções que lhes atribuíam os Tratados e quase sempre agiam, menos ainda do que
como representantes de interesses nacionais, como meros agentes dos partidos
que, nos governos de cada país, os designavam. Com a transformação da CEE em
União Europeia (e com o desmoronamento, a Leste, do "inimigo comum"),
a situação piorou e, hoje, a Comissão perdeu toda e qualquer autonomia em
relação ao Conselho, com as próprias cimeiras reduzidas a encontros bilaterais
entre a Alemanha e a França onde tudo é decidido.
Em tal contexto, "mais Europa" e mais
transferências de "competências para Bruxelas em domínios políticos
importantes, sem que cada Estado nacional possa bloquear decisões"
defendidas, depois Merkel,
também por Schäuble,
significaria a transferência do que ainda resta das soberanias nacionais para Berlim (e, subalternamente, para
Paris) através do mero
entreposto que Bruxelas actualmente é.
JN, 24/06/2012 – M. A. Pina
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