Num país em que tanto se fala em "inovação"
e se gastam milhões em programas de estímulo à "inovação", continuando,
em geral, a repetir-se apenas velhas receitas, a ideia do "mercado social
de arrendamento" ontem formalizada em protocolo entre o Governo e sete
bancos dir-se-ia um ovo de Colombo.
Além dos portugueses mais pobres, têm sido as classes
médias as principais vítimas das políticas de austeridade (aí está uma
velhíssima receita repetida, a da austeridade, que tem dado os resultados que
se conhecem, da Alemanha de Weimar
à Grécia actual). Ora os bancos estão a braços com um património imobiliário de
centenas ou milhares de fogos devolutos, resultante da impossibilidade de
muitas famílias continuarem a pagar os empréstimos à habitação. E igualmente o
Estado tem prédios devolutos. Porque não colocar todos esses prédios num
mercado de arrendamento a preços inferiores aos do mercado livre? Para mais, se
experiência semelhante resultou antes em Gaia com o Programa
Arco Íris?
Assim, estarão a partir de hoje disponíveis, a rendas
inferiores em pelo menos 30% às do mercado, 800 fogos (1000 daqui a mês e meio,
2000 até ao fim do ano), destinados a famílias sem condições de acesso a
habitação social. A solução não resolve tudo, mas resolverá decerto alguma
coisa. Sem gastar milhões e sem se limitar a repetir, com maquilhagem nova, uma
receita velha.
JN, 27/06/2012 – M. A. Pina
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