quinta-feira, 4 de abril de 2013

Coimbra, 4 de Abril de 1975

       O Arquipélago de Goulag. Uma angústia concentracionária do tamanho da Rússia. Igualmente vítima da violência repressiva e seu denunciador, quase que fiquei envergonhado do meu testemunho diante de um monumento acusatório daquele tamanho. Valeu-me a razão afectiva, a exigir à mental a clarificação do constrangimento. Só no plano expressivo e quantitativo ele era legítimo. Porque, no mais, todas as cadeias do mundo se equivalem, todas as lágrimas têm o mesmo sal, todas as feridas abertas sangram da mesma maneira, todos os gemidos merecem a mesma piedade, sejam de poucos ou muitos condenados e consigam ou não fazer-se ouvir para além das paredes da agonia.
Miguel Torga

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