O Arquipélago de Goulag. Uma angústia concentracionária do
tamanho da Rússia.
Igualmente vítima da violência repressiva e seu denunciador, quase que fiquei
envergonhado do meu testemunho diante de um monumento acusatório daquele
tamanho. Valeu-me a razão afectiva, a exigir à mental a clarificação do
constrangimento. Só no plano expressivo e quantitativo ele era legítimo.
Porque, no mais, todas as cadeias do mundo se equivalem, todas as lágrimas têm
o mesmo sal, todas as feridas abertas sangram da mesma maneira, todos os
gemidos merecem a mesma piedade, sejam de poucos ou muitos condenados e
consigam ou não fazer-se ouvir para além das paredes da agonia.
Miguel Torga
Sem comentários:
Enviar um comentário