quinta-feira, 11 de abril de 2013

11 de Abril de 1978

Segundo Aldous Huxley, as opiniões do escritor (como as do jornalista) não valem mais que as do «homem da rua» (the man in the street). A não ser, digo eu, que eles tenham a cultura, a inteligência, e a autoridade das obras, para não dizer já a competência profissional, para influir na opinião pública. Se isto é «elitismo» consinto que me cortem a cabeça!
Ao técnico eficiente que, não há dez anos, me afirmava em altos berros que «não só o povo português não é inferior, mas eu sustento que ele é o maior e o mais inteligente do mundo!», pergunto eu se ele ainda hoje será dessa opinião?
Este bom homem viu tanto strip-tease, que acabou por ficar strip-tísico!
Estas personagens de Pavese (escritor que tanto admiro) tinham muito em comum com os cínicos, «chateados» e incoerentes dos filmes de Antonioni e Fellini. Mas as minúcias da acção e dos diálogos, e a beleza plástica destes caracteres, do estilo mesmo, dá-nos o autêntico «viver com os outros» – que a nossa literatura infelizmente não consegue sequer sugerir.
JRM 

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