quarta-feira, 16 de março de 2011

“Tablóides” – 16 de Março de 1976

• É bom não confundirmos o que eu escrevo como ficcionista (e não como ensaísta ou pensador) com as opiniões, gostos e acções dos personagens da minha invenção, como seja o Artur-Burguês das minhas Reflexões, que é caricatura. É bem possível que eles falem ou ajam por vezes de acordo comigo, mas é só por acaso (ou quando eu o declaro). Robôs inventados, gozam de vida própria ou de personalidade; dou-lhes toda a liberdade, mas não respondo pelos seus actos ou palavras. Mal comparado, não podemos atribuir a Shakespeare ou a Tchekhov todos os tiques, venetas, paixões ou desvarios das suas criações! 
• Sangrar-se em saúde é... suicidar-se em vida! 
• Certos indivíduos são como os alterosos cúmulos ofuscantes de luminosidade que se observam no céu azul do Verão: mas, na verdade, como estes últimos, nem têm luz própria, nem dão calor... São, quando muito, espelhos de algum sol invisível. 
J. R. Miguéis

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