A melhor vista do Larouco é a que se desfruta de Peireses.
Silhueta de serena beleza.
Habituei-me a ela desde criança.
Desde que, com quatro ou cinco anos, ia tornar a água a Ferreiras e parava na Pedra da Sesta a ouvir as cotovias e a olhar para o Larouco.
Literalmente fascinado. De joelhos ante a divindade. Que eu nem sabia qual fosse. Mas o altar ali estava.
Aéreo e divino. Coisa sagrada.
Dizem veneráveis pergaminhos que os Romanos o dedicaram a Júpiter, deus do Olimpo e dos trovões.
Para mim, porém, a beleza foi sempre atributo feminino.
Preferia que o tivessem dedicado a Diana, deusa da Caça e do Pudor.
De Júpiter, de Diana ou de qualquer outra divindade, o que importa saber é que os altares se não devem profanar. São coisas sagradas. Intocáveis. Eternas.
Saibam isto os sacrílegos adoradores do Bezerro de Oiro que, a troco duns cobres, pretendem profanar a olímpica silhueta do Larouco.
Estou indignado.
Tanto, que me atrevo a pedir a Júpiter, deus dos Trovões, que os confunda.
Que, à medida que forem levantadas as execrandas torres eólicas, venha um raio e as derreta.
Bento da Cruz, PROLEGÓMENOS – Crónicas de Barroso (p. 39)
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