Orfandade
"A crise do Ocidente" já não tem lugar. Não existe crise, o que existe mais do que nunca é orfandade. Deuses obscuros tomaram o lugar da luminosa claridade, aquela que se apresentava, oferecendo à história, ao mundo, como o cumprimento, o término da história sacrificial. Hoje já não se vê o sacrifício: a história tornou-se para nós um lugar indiferente onde qualquer acontecimento pode ter lugar com a mesma vigência e os mesmos direitos que um Deus absoluto que não permite a mais leve discussão. Tudo está salvo e, ao mesmo tempo, vemos que tudo está destruído ou em vésperas de se destruir.
María Zambrano
Madrid, Julho de 1987
María Zambrano
Madrid, Julho de 1987
Patético
Juntar a jornalista Tânia Laranjo, do JN, e o dr. António Pinto Ribeiro, da associação unipessoal Fórum Justiça e Liberdades, é patético. No português e nas ideias. E é de desconfiar no que diz respeito aos propósitos. Digo-o sem ironia: esperava mais destes reputados especialistas em matéria penal.
Para confirmar: aqui.
A.R.
Para confirmar: aqui.
A.R.
Trancas na Porta
Os serviços secretos sempre exerceram um grande fascínio sobre as pessoas, incluindo os políticos. Nomeadamente naquelas e naqueles que nunca leram “O Nosso Agente em Havana”, de Graham Greene. O cinema ajudou à festa, e serão poucos os que alguma vez não sonharam estar de posse dos mistérios deste mundo. Com alguma leviandade, volta-se a falar dos serviços secretos, da inteligência anglo-saxónica, como se o seu desempenho no passado fosse garantia de eficácia e de bom senso no futuro. No que diz respeito ao presente, estamos, tragicamente, falados.
Os serviços secretos são, hoje, cada vez mais, a voz do dono. Tornaram-se máquinas pesadíssimas, mais preocupadas em sustentar a sua sobrevivência do que em prevenir a nossa segurança. Por isso mesmo, a sua vocação atávica é a de produzirem dados e perspectivas, ainda que delirantes, que sabem ir agradar a quem lhes paga: o governo. Aliás, é o que se passa com o comum dos mortais. A bruxa que se respeita é aquela que nos diz aquilo que queremos ouvir.
Desde a queda do muro de Berlim à invasão do Iraque, os serviços secretos ou chegaram tarde ou subsidiaram mentiras. Até no caso da Roménia, foram apanhados de surpresa.
Em Portugal, os serviços secretos são o que são: portugueses. E, como tal, secretamente dependentes da informação alheia. Eu gostava de conhecer os relatórios dos espiões que analisam a informação divulgada pela TVI ou que perspectivam a análise do comentador José Fernandes. Da realidade à ficção, a distância deve ser curta. Às vezes, mesmo inexistente.
A União Europeia anda preocupada com o desempenho dos serviços secretos dos seus membros. O nosso comissário em Bruxelas afadiga-se na procura de soluções. O Diário de Notícias (1) de ontem, escrevia, em letras gordas, na primeira página, que a cultura de secretismo dificulta cooperação. Mas o que se espera de uns serviços secretos senão secretismo?
Não conheço nenhum espião nem frequentei o curso de defesa nacional. De tácticas, conheço as do treinador Mourinho, e, de estratégias, as do Professor Marcelo. A moral que quero tirar de tudo isto é a de que, tal como na actividade política, também em matéria de segredos, depois da casa roubada, trancas na porta. Ou seja, mais segredos ainda.
(1) O DN é o único jornal de referência português. Quem tem o Vasco Pulido Valente tem tudo.
A.R.
# posto por til @ 19.3.04
Os serviços secretos são, hoje, cada vez mais, a voz do dono. Tornaram-se máquinas pesadíssimas, mais preocupadas em sustentar a sua sobrevivência do que em prevenir a nossa segurança. Por isso mesmo, a sua vocação atávica é a de produzirem dados e perspectivas, ainda que delirantes, que sabem ir agradar a quem lhes paga: o governo. Aliás, é o que se passa com o comum dos mortais. A bruxa que se respeita é aquela que nos diz aquilo que queremos ouvir.
Desde a queda do muro de Berlim à invasão do Iraque, os serviços secretos ou chegaram tarde ou subsidiaram mentiras. Até no caso da Roménia, foram apanhados de surpresa.
Em Portugal, os serviços secretos são o que são: portugueses. E, como tal, secretamente dependentes da informação alheia. Eu gostava de conhecer os relatórios dos espiões que analisam a informação divulgada pela TVI ou que perspectivam a análise do comentador José Fernandes. Da realidade à ficção, a distância deve ser curta. Às vezes, mesmo inexistente.
A União Europeia anda preocupada com o desempenho dos serviços secretos dos seus membros. O nosso comissário em Bruxelas afadiga-se na procura de soluções. O Diário de Notícias (1) de ontem, escrevia, em letras gordas, na primeira página, que a cultura de secretismo dificulta cooperação. Mas o que se espera de uns serviços secretos senão secretismo?
Não conheço nenhum espião nem frequentei o curso de defesa nacional. De tácticas, conheço as do treinador Mourinho, e, de estratégias, as do Professor Marcelo. A moral que quero tirar de tudo isto é a de que, tal como na actividade política, também em matéria de segredos, depois da casa roubada, trancas na porta. Ou seja, mais segredos ainda.
(1) O DN é o único jornal de referência português. Quem tem o Vasco Pulido Valente tem tudo.
A.R.
# posto por til @ 19.3.04
Ei-los

novos e velhos
buscando a sorte
noutras paragens
noutras aragens
entre outros povos
ei-los que partem
velhos e novos
Ei-los que partem
de olhos molhados
coração triste
e a saca às costas
esperança em riste
sonhos dourados
ei-los que partem
de olhos molhados
Virão um dia
ricos ou não
contando histórias
de lá de longe
onde o suor
se fez em pão
virão um dia
ou não
Letra e música de Manuel Freire
Mais letra aqui
# posto por Rato da Costa @ 19.3.04
"Ensurdecedor silêncio"
Irreflexões, referindo-se a esta chafarrica, admiram-se com o silêncio ensurdecedor que nestas bandas se ouve a propósito da "corrupção na máquina fiscal".
Compreende-se a admiração.
Explica-se, na medida do possível: Os Cordoeiros, que não são um blogue institucional, abstêm-se, por princípio, de expressar opiniões sobre casos judiciários concretos, muito em particular quando estão pendentes. O que não quer dizer que estejam indiferentes, ou que o seu silêncio signifique conformismo...
# posto por Rato da Costa @ 19.3.04
Compreende-se a admiração.
Explica-se, na medida do possível: Os Cordoeiros, que não são um blogue institucional, abstêm-se, por princípio, de expressar opiniões sobre casos judiciários concretos, muito em particular quando estão pendentes. O que não quer dizer que estejam indiferentes, ou que o seu silêncio signifique conformismo...
# posto por Rato da Costa @ 19.3.04
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