3 – Abril (segunda). Hoje houve a prova de «cultura geral» para admissão à Universidade. Foi extremamente discutida e badalada por toda a imprensa, com movimentos estudantis e o mais que compete à democracia. A Rita ia fazer essa prova e nós estivemos com um pequeno sobressalto na alma e no umbigo – que é onde, como se sabe, se privilegiam as cólicas. E à hora de começar o exame, eu e a Regina perguntávamo-nos, sem muito perguntar, sobre como iria andar a roda. Mas a meio do que seria a prova, telefonaram-me da rádio a comunicar, se eu o não soubesse, que o texto de fundo era da Conta-Corrente 4, página 339. E disseram-me as questões e puseram-me questões. Fiz o meu número de esquiva e pouco adiantei. Fui é ver o texto e meditar um pouco sobre as possibilidades da Rita. Bom. Texto liso, sem risco de topadela. Mas enfim, havia o questionário que lhas podia pôr. Acabada a prova (duas horas e meia!), tento localizar a Rita. Com a diáspora familiar (a Cecília vive já noutra casa, do futuro marido), não pude localizá-la. Mas telefonou ela mais tarde. Para dizer que não foi a exame e ficara para a segunda chamada, como muitos alunos, para ver… Tive pena. Porque se perdeu a oportunidade de através do meu texto, e num momento difícil, se encontrar acalentada pelo espírito do avô…
conta-corrente - nova série I (1989), p. 60 e s.
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