sábado, 23 de abril de 2011

Os Cordoeiros: Sexta-feira, Abril 23 [2004]

Sexta-feira, Abril 23

VOTOS EM BRANCO

Ele há tipos que nascem com genes doentios. Com mau feitio, protestam por tudo e por nada. Criticam tudo e todos. Sem razão. São dogmáticos e intolerantes.
Cada uma destas desvirtudes é já de si mais que suficiente para desdizer de um homem, mas todas juntas é coisa insuportável.
Sou eu desses tipos. Falta-me aquele pingo de leite materno que adoça as pessoas.
O que me vale, no cesto de tanta desqualidade, é alguma emoção e algum gosto. De contrário, identificar-me-ia com esses críticos que, por profissionalmente esmiuçarem questões, me tornaria o que se chama, e com justiça, um "ressequido".
Por exemplo:
1O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça é eleito por um vasto colégio eleitoral, de acordo com a Constituição. Eu discordo. Vai daí que me ponho a criticar o sistema: o presidente tem legitimidade formal e constitucional, mas não tem legitimação, devia escolher-se outro método que lhe conferisse mais representatividade.
Mas que tenho eu a ver com isso? Quem sou eu para meter bedelho onde não sou chamado?.Não é isso matéria de gente mais importante, com válida voz na República?
2 O Conselho Superior da Magistratura quer avaliar a minha grandeza moral, a minha inserção social e eu protesto. Que não têm nada com a minha moral, nem com a minha vestimenta social. Como fico mal graduado, disfarço o meu íntimo descontentamento, invocando hipocritamente os meus princípios.
3 O Forum Justiça clama que o Ministério Público não presta. Eu, ao invés de, humildemente, aceitar a crítica, que é justa, disparo que os "advogados" também não.
4 Personalidades distintas da vida política e ex-política da Nação exigem o despedimento do PGR. Em vez de aceitar como necessária à vida democrática esse despedimento, como sou amigo do PGR e dele recebo favores (!!!), desanco nas ditas personalidades.
5 O ex-Vice Presidente do CSM prestou, com é notório, altos serviços à Justiça, sempre relegando ambições pessoais. Em vez de reconhecer isso, como toda a gente reconhece, afirmo-o como personalidade enigmática, que prestou um péssimo serviço à dita.
6 Um "Senador da República", com a craveira intelectual e peso social de um Miguel Veiga, defende a "privatização do Ministério Público". Reconhecendo-lhe os méritos, até por vantagens económicas,financeira e fiscais, ironizo mordazmente, em vez de, como seria de esperar, agradecer a sugestão e aproveitar dela as vantagens inerentes.
Ora, todas estes exemplos e outros, fazem-me, ao fim de dois meses colaborando na Cordoaria, maturar. E pensar. E voltar a pensar e a maturar.
E fico na dúvida. Cósmica, existencial: " que andas aqui a fazer, será que ainda te querem?"
Fico como aqueles políticos que estão no lugar " por amor à causa ". Necessitam do mandato. Dos votos. Ou demitem-se (!!!!).
É aqui que entra a provocação. Quero ir a votos. Quero saber do apoio das bases. Dos que comentam, mesmo anonimamente. Sem eles, nada feito.
Venham, pois, daí os votos, mesmo em branco. Que são legítimos.
Aceito injúrias.
Alberto Pinto Nogueira
# posto por Rato da Costa @ 23.4.04

Presguntas do AlVino T. (I)

Sinhores, Ichelênçias,
Ontem ia prázaulas, mas o meu Prufeçor foi ber uma cãoferênssia (daquele Juíz austríaco que palestrou no Istádio do Dragôum, e era todo besgo) e fiqueime cão as dúbidas que tinha pra me faser de istudiozo, que já tupei que em Direito um gaijo cumeça a ingraichar logo cumo caloiro, pra ter futuro e carreirinha.
Dessidi preguntar a bócezes, se num for encómudo.
É açim: aquela istória da bola cheiroume mal, prendêrão o Sr. Balentim Major e os amigos pra quê?
Cá pra mim, se os gaijos num pódem falar uns cus outros, purquéque tão lá tantas óras sem ser separados cumó gado (salbo seija), e á cãoberça, e óspois butados fóra pruibidos de falarçe, e num pruibem os adbugados deles de cãoberçar?
Pra que é presizo prender um gaijo, e tanto tempo, se ele bai a toque, cumás bacas bão pra ser munjidas? Num era mais iducado pedir "ó Sr. Balentim, banha aí cão a jente, que bem mesmo ou a jente bótalhaluva"?
Cumo num incãotrei a Cãostituissão nos uzados (só tínhão uma de 33, muinto suja) tibe que ir a uma libraria que me paresseu baratucha (num é chineza mas debe de ser árabe, chámaçe AlMedina) mas até são careiros, que gastei a guita prá sandes e supinha na cantina da Faculdade.
Atão um teistuzinho que a jente debia toda ler, pra ler tem que pagar? Ou é mesmo prá jente num saber os Direitos Fundamentais, num bá reclamar? Os fulhetos de prupaganda, das câmaras e dos prezidentes delas, pudíão poupar no papel de lucho (que até dá mal pra apruveitamento duméstico-sanitário) e publicar a CRP prá malta, num era?
Se alguém alimpáçe o cu a ela num era nada que o Istado e a Admenstração Púbica num fáção cão frecoênssia...
Abri ao cálhas, tipo "fraze do dia" e achei uma coiza que num debem de cunhesser, pois é lá pró fim, chamada Artº 216.
O açunto é "os juízes em exercício" e o que num pódem faser, ou cumo se diz dum módo fino, incãopatibilidades.
Achei bunito, mas juízes andam ós montes nas coizas da bola: iço é insino ou inbestigassão? Se é cumissão de serbiço, purque os deixam ir pra coizas deças, cão falta de juízes? Cumo se isplica á jente isto?
Lá nas coizas da bola, coanto é que lhes póde ser pago? Uma supinha? Umas biajens em 2ª claçe? Çubçídio pró tabaquito? Alguém cãotrola o que reçebem? Quem? Num acredito!
Outra coiza: os Tribunais das Ligas, são privados, açim cumós Tribunais Plenários de antigamente? Ou são uma ispéssie de parque de diberssõins da 3ª idade cão juízes (refurmados ou não) a brincar ós árbitros?
Érão estas algumas das preguntas pró Prof... Pódem ajudarme?
Ubrigadinho pela ajuda a um pobre caloiro de Direito.
Cãoprimentos do futuro culega
AlVino T. (de Tinto)
# posto por Rato da Costa @ 23.4.04

"O musgo de Roseta"

Para além de outros, um post a não perder, "O musgo de Roseta", do causídico Gomez, na Grande Loja do Queijo Universal.
# posto por Rato da Costa @ 23.4.04
cunh_12.jpg
Álvaro Cunhal, lápis, sem título, Julho/1958
Desenho feito na prisão-fortaleza de Peniche

Apresentação do romance Flor da Rosa

Ontem, ao fim da tarde, no Auditório Municipal Almeida Garrett (jardins do Palácio de Cristal), no Porto, foi apresentado pela Prof. Doutora Celeste Natário o romance Flor da Rosa, de João Hespanhol, editado por Edições Caixotim e inspirado numa lenda associada à igreja conventual Flor da Rosa, no Crato.
Os Cordoeiros, que se fizeram representar no evento, desejam ao jovem e promissor romancista e poeta os maiores sucessos.


«... Sabes, só agora achei oportuno escrever-te, queria estar na maturidade da vida, naquela idade em que sabemos que o tempo continua a correr e já não corremos com ele, ou como o Homero dizia: "na idade em que as ondas na cara se podem ver e tocar". Transformei-me num homem sábio, habitante de um mito, ao qual presto homenagem com o amor que tenho por tudo o que de belo encontro no mundo. Hoje quero falar-te como um amigo que acredita em ti e que te quer fazer falar, por isso começa por escutar um certo prelúdio em tons de mar...» - na Flor da Rosa.
NÃO POSSO
Pedes-me um canto, anjo?
Ai não, não sei cantar-te
Hinos para elevar-te
Não sabe a minha voz.

Os grandes sentimentos
As majestosas cenas
Sentimo-las apenas;
Que mais podemos nós?

Nas praias do oceano
Ao som dos seus bramidos
Enlevam-se os sentidos,
Escuta o coração.

Ai não me peças cantos!
0 sentimento é mudo.
Diga o silêncio tudo
Quanto eu não sei cantar.

Mas, se amas... se no peito
Íntima voz te fala,
Tudo o que a lira cala
Lerás no meu olhar.



João Hespanhol
# posto por Rato da Costa @ 23.4.04

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