segunda-feira, 25 de abril de 2011

Cadernos de Lanzarote (Diário – I)

25 de Abril [1993]
Carmélia telefonou de manhã, aos gritos: «25 de Abril, sempre! 25 de Abril, sempre!» Lembrei-me daquela outra chamada, há 19 anos, no meio da noite, quando uma das filhas do Augusto Costa Dias me avisou de que a revolução estava na rua. Agora, o entusiasmo de Carmélia, um entusiasmo de sobrevivente, deixou-me lamentavelmente frio. Depois falámos do andamento da ópera: que Corghi desistiu dos bailados (óptimo), que também renunciou ao Liszt (óptimo), mas que ainda arranjou maneira de o fazer aparecer no final (paciência), aproveitando a circunstância de haver um órgão no palco do teatro de Münster. Segundo parece, confirma-se o interesse do Teatro AlIa Scala em participar na produção.
José Saramago (1922/11/16 – 2010/06/18)

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