domingo, 1 de maio de 2011

Cadernos de Lanzarote (Diário – I)

1 de Maio
Há muitos e muitos anos, antes de 1830, Victor Hugo passou por uma pequena aldeia do País Basco chamada Hernani. Gostou do nome, ao ponto de ter baptizado com ele a tragédia que naquele ano se estreou em Paris, no Théâtre Français. Agora, em Hernani, a viúva de Gabriel Celaya, durante um acto de homenagem ao poeta, foi insultada e agredida com tomates e ovos por jovens politicamente ligados a Herri Batasuna, segundo informação da imprensa, que acrescenta ter-se a pobre Amparitxu Gastón abraçado, soluçando, ao busto de Celaya, que ali se inaugurava. Claro está que o primeiro episódio nada tem que ver com o segundo, entrou aqui por simples associação de ideias. Também por associação de ideias, embora não corra eu o risco, sem dúvida terrível, de virem a ser instaladas efígies da minha pessoa onde quer que seja, dou por conselho a Pilar que não caia nunca em ir a Mafra. Não terá nenhum busto a que abraçar-se, e, além dos tomates e dos ovos, bem poderia acontecer que a Juventude Social-Democrata se lembrasse de lhe atirar umas quantas pedras do convento.
Tenho a pena suspensa por quinze dias. José Luís Judas acaba de comunicar-nos que deu à RTP prazo até ao dia 15 deste mês para responder, definitivamente, se sim ou não quer o D. João 11. Se respondem que sim, condenam-me e absolvem-me, se respondem que não, absolvem-me e condenam-me. Não é uma charada judicial, é uma demonstração, por assim dizer, matemática.

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