26 - Maio (sexta). Contei há dias que me escreveu uma rapariga do Porto. Chama-se Magda Laires. É aluna de Português e escolheu para um trabalho o meu livro Até ao Fim. Enviou-me uma foto de Coimbra na perspectiva clássica da estrada de Lisboa. E foi por trás que escreveu. Dizia-me então que os temas por ela escolhidos e que desejava desenvolver eram os da «eternidade, plenitude e absoluto». E dizia-me que tinha 16 anos. Fiquei gago. E respondi-lhe com razoável conversa. Escreve-me ela de novo mais desenvolvidamente num tom e numa escrita estranhíssima para a sua idade. Imediatamente a Regina, na sua desconfiança visceral, adiantou que era uma mistificação. Telefono à Mariberta, que está de cama com uma perna ao peito, ou seja, dependurada de um guindaste, e ela imediatamente pede à rapariga que apareça para a conversar. E ontem telefona-me a dizer que a conversou. É tudo autêntico, a miúda é excepcional, muito fina, de notas altas e com uma paixão pelos meus livros. Fiquei extasiado. E apreensivo. E pensei: vais ser infeliz.
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