22 de Maio
Xanana Gusmão foi condenado a prisão perpétua. Portugal não sabe que fazer com este homem. Começámos por considerá-lo como uma espécie de pharmacos, um espelho das nossas culpas e também um pequeno remorso particular, levadeiro, tranquilizador da nossa indiferença e cobardia. Depois veio a prisão e o desmoronamento de uma personalidade que críamos, nós, abúlicos, nós, débeis, talhada numa só peça. O resistente exemplar tornara-se em reles traidor. Agora, iniquamente julgado e condenado, é mais do que certo que vai dar-se princípio a um daqueles «processos de beatificação» tão caros à suavíssima alma portuguesa, sempre pronta a desculpar as responsabilidades alheias esperando que dessa maneira lhe sejam perdoadas as suas... Xanana Gusmão, de quem, no fundo, ninguém quer saber, vai servir para isto.
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