O período de dominação política de Roma sobre a Judeia, exercida directamente por um prefeito, teve início no ano 6 d. C.
A vida pública de Jesus, concluída com uma condenação à morte assinada pelo prefeito Pôncio Pilatos, que governou a Judeia de 26 a 36 d.C., desenvolveu-se numa época em que, após o ano 6, o território se tinha tornado uma província romana. Depois de se libertar do domínio dos Selêucidas, em 142 a.C., os Hebreus conseguiram manter a sua independência durante mais de um século, alargando o seu território para Norte com a Galileia e para Sul com a Idumeia. Pompeu Magno (106-48 a.C.) tomou Jerusalém em 63 a.C.: o estado do Hasmoneus tornou-se a partir de então vassalo de Roma. Em 40 a.C., Herodes (73-4 a.C.), filho de Antípater, conseguiu ser reconhecido por Roma como rei dos Hebreus. Apesar da sua crueldade, soube mostrar-se como um grande soberano. Foi sob o seu reinado que o Templo, centro da vida cultural dos Judeus, foi reconstruído de forma grandiosa. Aquando da sua morte (4 a.C.), o reino foi dividido entre os seus três filhos: para Arquelau foi a Judeia, a Samaria e a Idumeia; para Antipas, a Galileia e a Pereia; para Filipe, as principais regiões pagãs do Norte. Aquando da morte de Agripa, em 45 d.C., Roma tomou a seu cargo a administração directa de todo o país: este nunca mais voltou a ter independência até à constituição do Estado de Israel, em 1948.
Pilatos (morto por volta do ano 39), o prefeito da Judeia que condenou Jesus à morte não foi aquela personagem neutra ou mesmo fortemente favorável à condenação que nos apresenta os Evangelhos. Sabe-se por testemunhos contemporâneos que desprezava os Hebreus e que tinha uma grande crueldade contra eles. Por exemplo, ele tentou introduzir em Jerusalém as insígnias da sua armada, profanando assim o especial carácter sagrado do Templo e do seu Deus. As revoltas que provocou o seu sacrilégio e as queixas que as autoridades judaicas dirigiram ao imperador acarretaram no ano 36 o seu afastamento.
O contexto a partir das origens
O reino de Herodes I o Grande foi um reino de transição entre o período dos reis vassalos da Casa dos Hasmoneus – que governaram a Palestina da revolta dos Macabeus contra Antíoco IV Epífanes (215-164 a.C.) até ao ano 63 a.C., data em que Pompeu fez da Síria uma província romana – e a afirmação incontestada do poder dos Romanos. Herodes impôs-se graças à sua lealdade para com Roma.
A crueldade de Herodes é de todos conhecida, sobretudo a crueldade com que reprimiu qualquer forma de oposição mesmo dentro da sua família: não hesitou em assassinar numerosas crianças, suspeitando um complô contra ele, e mesmo a sua própria esposa Mariana, princesa da qual, contudo, estava loucamente enamorado. Augusto costumava dizer a respeito dele: «Mais vale ser porco de Herodes do que seu filho.»
Para ganhar aprovação e apoio, Herodes levou a efeito uma dispendiosa política de construção, cujo testemunho são as duas cidades novas destinadas à população não judia do reino: Cesareia, no litoral, dotada de todos os equipamentos de uma cidade helenística típica (teatro, hipódromo, anfiteatro, termas) e Sebaste (hoje Sivas, na Turquia), perto da antiga Samaria. Mandou ainda edificar uma fortaleza como Massada e embelezou cidades, especialmente Jesusalém, onde ordenou a reconstrução grandiosa do Templo.
A revolta dos Hebreus contra os Romanos eclodiu no ano 66. Foi precedida por uma série de tentativas de rebelião contra o domínio romano, sem sucesso e cruelmente reprimidas. Geralmente, foram obra dos Sicários ou dos Zelotes ou dos profetas que anunciavam a chegada iminente do Reino de Deus e a restauração messiânica do reino de David.
A revolta é relatada pelo historiador judeu de expressão grega Flávio Josefo (cerca de 37-10) na sua narração A Guerra judia. Flávio Josefo participou na qualidade de comandante na defesa de Jerusalém, assediada pelos Romanos, conseguindo miraculosamente escapar dela são e salvo. Sob as ordens de Tito (39-81), filho do imperador Vespasiano (9-79), as tropas romanas acabaram por vencer a tenaz resistência dos seus habitantes: muitos preferiram suicidar-se a serem feitos prisioneiros.
Leitura de Giovanni Filoramo, Origem e difusão do Cristianismo
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