quarta-feira, 10 de agosto de 2011

CORO DA PRIMAVERA


Letra e Música de José Afonso 

Cobre-te canalha / Na mortalha / Hoje o rei vai nu
Os velhos tiranos / De há mil anos / Morrem como tu
Abre uma trincheira / Companheira / Deita-te no chão
Sempre à tua frente / Viste gente / Doutra condição

Ergue-te ó sol de verão / Somos nós os teus cantores / Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores / Ouvem-se já os clamores / Ouvem-se já os tambores

Livra-te do medo / Que bem cedo / Há-de o Sol queimar
 
E tu camarada / Põe-te em guarda / Que te vão matar
Venham lavradeiras / Mondadeiras / Deste campo em flor
Venham enlaçadas / De mãos dadas / Semear o amor

Ergue-te ó sol de verão / Somos nós os teus cantores / Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores / Ouvem-se já os clamores / Ouvem-se já os tambores

Venha a maré cheia / Duma ideia / P'ra nos empurrar
Só um pensamento / No momento / P'ra nos despertar
Eia mais um braço / E outro braço / Nos conduz irmão
Sempre a nossa fome / Nos consome / Dá-me a tua mão

Ergue-te ó sol de verão / Somos nós os teus cantores / Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores / Ouvem-se já os clamores / Ouvem-se já os tambores


CORO DA PRIMAVERA
          Consultem-se os comentários ao "Canto Jovem" do qual "Coro da Primavera" é a introdução coral e orquestral. A composição da letra resistiu a todas as tentativas de lubrificação. O rufar dos tímbalos e dos tambores intervém gradualmente como simples apoio no início, contagiante e poderoso na final. (José Afonso)

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