sexta-feira, 8 de julho de 2011

O Judaísmo da diáspora

Na época de Jesus, a diáspora judaica, favorecida pela criação dos reinos helenísticos, estendia-se de Espanha à Mesopotâmia, e contava com vários milhões de judeus.

Viver na situação de diáspora constitui desde sempre um traço distintivo da história dos judeus, que colocou complexos problemas de identidade e de relacionamento com o mundo que os rodeava. A diáspora está testemunhada pelo exílio para a Babilónia, imediatamente a seguir à primeira destruição do Templo de Jerusalém em 587-586 a.C. e que teve como efeito a constituição de uma florescente colónia judaica. A conquista do Oriente por Alexandre o Grande (356-323 a.C.) e a formação, após a sua morte, dos reinos helenísticos favoreceram a urbanização e a difusão da civilização helénica. Mercadores, artesãos e soldados judeus estavam presentes nas principais cidades, em particular em Alexandria do Egipto e gozavam com frequência de uma boa situação económica e ocupavam, às vezes, posições importantes. Apesar de se verificarem manifestações de intolerância, a coabitação pacífica foi dominante. Mantendo sempre profundos laços com a Palestina e morando em comunidades urbanas dotadas de um status político particular que lhes facilitava a existência, os judeus da diáspora foram influenciados pela cultura helenística de cuja língua se serviam: o Grego. A leitura e a meditação sobre a Bíblia substituíram os sacrifícios no Templo e chegaram a ter importância, juntamente coma criação de sinagogas, lugares de oração e de formação religiosa. O exemplo de Fílon de Alexandria testemunha que o Judaísmo helenístico assimilou elementos fundamentais da cultura helenística e mostrou-se capaz de utilizá-los para a apresentação e defesa racional da sua fé monoteísta.

Vocabulário
Do grego diáspora, «dispersão».

Filósofo judeu, nascido em Alexandria, viveu entre 20 a.C. e 50 d.C., autor de numerosas obras, em especial de um comentário da Tora onde interpreta alegoricamente cenas e personagens bíblicas para defender racionalmente a sua fé, preservando a absoluta superioridade e transcendência do Deus bíblico. A sua obra foi ignorada pela tradição rabínica, sendo muito apreciada, utilizada e preservada pelos Padres cristãos de língua grega.

O contexto a partir das origens
Uma parte do povo hebreu, sobretudo a classe dirigente sacerdotal, foi deportada em exílio para a Babilónia e repartida por diversas vilas, onde puderam manter durante séculos a sua identidade cultural. O Talmude babilónico foi escrito e composto na Babilónia entre os séculos V e III a. C.
O reino de Israel, constituído no século X a.C., sob David (cerca de 1004-961 a.C.), foi durante longos anos vassalo das grandes potências orientais como o Egipto e a Assíria. Em 598 a.C., Nabucodonosor II da Babilónia (605-562 a.C.) ocupa Jerusalém, deporta para a Mesopotâmia o rei Yehoyakim (Joaquim) e coloca no trono um tio deste, Sedecias. Após uma tentativa frustrada de rebelião, Sedecias foi vencido em 587 a.C., Jerusalém foi saqueada e o Templo destruído. Em 538 a.C., Ciro o Grande (600-529 a.C.) permitirá que os judeus voltem a casa. O primeiro regresso importante teve lugar em 520 a.C. sob o reinado de Dário I (549-486 a.C.). O Templo foi reconstruído e começa um novo período na história do Judaísmo: o do «Segundo Templo».

Giovanni Filoramo, Origem e difusão do Cristianismo

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