O Judaísmo em prática na Palestina em Jesus Cristo é conhecido como o do «Segundo Templo», porque abrange desde a reconstrução do Templo em começos do século VI até à sua destruição em 70 d. C.
O Judaísmo palestino dos séculos anteriores à era cristã não foi uma realidade monolítica. O período de influência persa (desde o édito de Ciro o Grande de 538 a.C. que punha fim ao exílio babilónio até à conquista de Jerusalém por Alexandre o Grande, 333 a.C.) tinha transmitido ao mundo judeu numerosos elementos da cultura e da religião da Mesopotâmia. O helenismo, por sua vez, exerceu profunda influência entre os Judeus e estes na Palestina. Esta influência acentuou-se sob o período do domínio dos Selêucidas da Síria, no início do século III a.C. A inscrição dos habitantes de Jerusalém na lista dos cidadãos de Antioquia, capital da Síria, é o sinal que prova que o Judaísmo era tolerado como culto religioso, mas não como regra de vida civil, prevalecendo sempre a lei grega com os seus usos e costumes. Seguiu-se, em nome do Judaísmo dos padres, uma guerra de revolta conduzida pelos irmãos Macabeus; o último, Simão, saiu vitorioso e tornou-se grande padre, dando lugar ao nascimento da dinastia dos Hasmoneus, que haveria de governar Jerusalém até ao ano 40 a.C. Depois, foi Herodes e a sua dinastia que reinou até ao momento do nascimento de Jesus. A partir de 6 a.C., a Palestina tornou-se uma província romana.
As seitas judaicas
O Judaísmo palestino ramificou-se e numerosas correntes, unidas pela mesma fé em Deus, mas divididas pelas suas crenças e práticas.
Os Essénios: ser Qumram; os Saduceus: representantes do poder sacerdotal, não acreditavam na imortalidade da alma, nem no além, nem na existência dos anjos; os Fariseus: estritos observadores da Lei, acreditavam na imortalidade da alma, na ressurreição dos mortos e na possibilidade do homem vir a ser perdoado com base nos méritos adquiridos pelas suas obras justas; os Sicários: vinculados aos meios apocalípticos e messiânicos, reivindicavam o governo de Deus sobre Israel e opunham-se à dominação romana.
O contexto a partir das origens
O Judaísmo do Segundo Templo era uma religião baseada na observância da Lei e no respeito das rígidas regras de pureza. Tinha como centro o Templo de Jerusalém. Ao contrário do que acontecia no politeísmo helenístico, onde as diversas divindades eram veneradas em diferentes templos, cada um deles dotado de uma classe sacerdotal e de tradições próprias, no Judaísmo palestino a existência de apenas um templo estava em correlação com um único Deus. No Santo dos Santos do Templo residia a glória de Iavé (ou Jeová): neste lugar somente podia entrar o Sumo-Sacerdote e uma vez por ano. Como nos templos pagãos, o rito principal da vida religiosa do Templo consistia na celebração de sacrifícios sangrentos dos quais se encarregava uma classe sacerdotal especial, os Levitas, descendentes de Levi e que constituíam uma das doze tribos de Israel. Entre eles, diferentemente do que se passava com grande parte dos sacerdotes pagãos, este cargo era hereditário, sendo transmitido de pais a filhos.Giovanni Filoramo, Origem e difusão do Cristianismo
Sem comentários:
Enviar um comentário