terça-feira, 23 de agosto de 2011

Miguel Torga – DIÁRIO (XIII)


S. João da Pesqueira, 23 de Agosto de 1979 – Olho mais uma vez de um dos seus altos mirantes este meu Doiro, único rio emblemático de Portugal, e a sucessão tumultuosa de montes que vai sulcando. E dou íntimas graças ao destino por me ter feito nascer num cenário assim, tão naturalmente grandioso e onde tão naturalmente me sinto poeta. Não há bardo sem palco próprio. O meu não podia ser outro. A minha voz é também uma levada barrenta de esperança que tenta rasgar e reflectir a majestosa e tormentosa orografia da vida.
p. 107

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