• Quando, pela manhã, nos sentamos a escrever, raro nos é possível reproduzir com inteira fidelidade o pensamento ou a imagem que nos ocorreu ou formulámos na febre da insónia ou em sonhos, por vezes com deslumbrante nitidez. Só com grande esforço nos é dado arrancá-los ao caos e negrume das cavernas submarinas da infiel memória, onde tudo se sumiu. Se de todo os não esquecemos, o que é mais frequente! Há, porém, casos em que a fulguração duma ideia nos força a saltar da cama e a registá-la no estado nascente. E então ela sai-nos cristalina.
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