Despedida
Diz o refrão
que não há bem que sempre dure nem mal que ature, o que vem assentar como uma
luva no trabalho de escrita que acaba aqui e em quem o fez. Algo de bom se
encontrará nestes textos, e por eles, sem vaidade, me felicito, algo de mal
terei feito noutros e por esse defeito me desculpo, mas só por não tê-los feito
melhor, que diferentes, com perdão, não poderiam eles ser. Às despedidas sempre
conveio que fossem breves. Não é isto uma ária de ópera para lhe meter agora um
interminável adio, adio. Adeus, portanto. Até outro dia? Sinceramente, não
creio. Comecei outro livro e quero dedicar-lhe todo o meu tempo. Já se verá
porquê, se tudo correr bem. Entretanto, terão aí o Caim.
P. S –
Pensando melhor, não há que ser tão radical. Se alguma vez sentir necessidade
de comentar ou opinar sobre algo, virei bater à porta do Caderno, que é
o lugar onde mais a gosto poderei expressar-me.
José Saramago, O CADERNO
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