Funchal, 31 de Agosto de 1980 – Acabaram-se os sete dias
de sortilégio. Antes de partir, encho os olhos até onde posso desta realidade
geológica que tanto me faz lembrar o meu Doiro amado, pela graça
suplementar da cultura que foi acrescentada à beleza silvestre. Aqui como lá, a
mão laboriosa soube humanizar a rude paisagem natural sem a desfigurar. O que
era majestoso e belo de origem, ficou ainda mais majestoso e belo depois de
granjeado.
Já quase esquecido dos
tapetes persas que pisei com pés de caçador, dos criados portugueses que só
queriam entender inglês, da futilidade dos casinos e do folclorismo turístico,
é o milagre dos abismos povoados, das levas de água conduzidas, das grandes
ravinas amanhadas que levo na retina maravilhada e agradecida à tenacidade
epopeica de irmãos de sangue que transformaram, e continuam a transformar dia a
dia, uma ilha de lava convulsionada num presépio de vida florido de esperança.
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