ENCOMENDAÇÃO
Alma penada
Condenada
A vida,
Não paro de viver.
Sempre a acender
A luz interrompida,
Perturbo o sono de quem dorme
ao lado.
Dia e noite acordado
E ofegante,
Lavro como um arado
Obstinado
Os pousios do tempo
circunstante.
E, fora de sazão
E de razão,
Sem ouvir os gemidos
Dos sentidos,
Semeio e reverdeço a terra
desolada
Da minha solidão.
Canto com emoção
Desencantada
Versos serôdios que a geada
cresta.
Versos sem voz futura,
Mas que são, nesta hora de
amargura,
A única certeza que me resta.
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