Gabo
Os escritores
dividem-se (imaginando que aceitem ser assim divididos…) em dois grupos: o mais
reduzido, daqueles que foram capazes de rasgar à literatura novos caminhos, o
mais numeroso, o dos que vão atrás e se servem desses caminhos para a sua
própria viagem. É assim desde o princípio do planeta e a (legítima?) vaidade
dos autores nada pode contra as claridades da evidência. Gabriel
García Márquez usou o seu engenho para abrir e consolidar a estrada do
depois mal chamado “realismo mágico” por onde logo avançaram multidões de seguidores
e, como sempre acontece, os detractores de turno. O primeiro livro seu que me
veio às mãos foi Cem Anos de
Solidão e o choque que me causou foi tal que tive de parar de ler
ao fim de cinquenta páginas. Necessitava pôr alguma ordem na cabeça, alguma
disciplina no coração, e, sobretudo, aprender a manejar a bússola com que tinha
a esperança de orientar-me nas veredas do mundo novo que se apresentava aos
meus olhos. Na minha vida de leitor foram pouquíssimas as ocasiões em que uma
experiência como esta se produziu. Se a palavra traumatismo pudesse ter um
significado positivo, de bom grado a aplicaria ao caso. Mas, já que foi
escrita, aí a deixo ficar. Espero que se entenda.
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